O interesse sobre Cannabis e Esclerose múltipla (EM) tem crescido tanto entre pacientes quanto entre profissionais de saúde. A busca por alternativas que aliviem sintomas como espasticidade, dor e alterações do sono tem levado muita gente a perguntar: o que a ciência realmente diz sobre isso?
Durante muito tempo, os tratamentos convencionais eram a única opção. No entanto, os estudos mais recentes apontam que a Cannabis Medicinal pode ter um papel importante como terapia complementar.
Neste artigo, reunimos os principais achados científicos sobre o tema.
O que é a Esclerose Múltipla (EM)?
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica de origem autoimune. O sistema imunológico ataca a mielina, a camada que protege os neurônios, o que provoca falhas na comunicação entre o cérebro e o resto do corpo.
Os sintomas podem variar bastante, mas os mais comuns incluem:
- Espasticidade muscular: rigidez e contrações involuntárias
- Dor crônica: muitas vezes de origem neuropática
- Fadiga intensa: que não melhora com repouso
- Disfunções da bexiga: como urgência urinária ou incontinência
- Alterações no sono e no humor: como insônia, depressão e ansiedade
Por ser uma condição multifatorial, o tratamento costuma envolver diferentes abordagens terapêuticas.
Como a Cannabis atua na Esclerose Múltipla (EM)?
O interesse por Cannabis e Esclerose Múltipla (EM) tem fundamento científico. Isso porque os compostos da planta interagem com o sistema endocanabinoide, que participa da regulação de funções como dor, controle muscular, humor e imunidade.
Dois compostos da planta têm sido os mais estudados:
- CBD (Canabidiol): conhecido pelas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e ansiolíticas.
- THC (Tetraidrocanabinol): com efeito relaxante muscular e analgésico, especialmente em doses controladas.
Por isso, diversas pesquisas vêm explorando os efeitos terapêuticos desses compostos em pacientes com EM.
O que dizem os estudos mais recentes?
Vários trabalhos científicos analisaram o impacto da Cannabis na Esclerose Múltipla. Abaixo, destacamos dois dos mais relevantes e recentes:
Cannabis vaporizada e EM: resultados promissores
Um estudo publicado no Journal of Clinical Medicine avaliou o uso de Cannabis vaporizada com 13% de CBD e 9% de THC em pacientes com EM.
Os principais resultados foram:
✔️ Redução da espasticidade muscular
✔️ Melhora da função da bexiga
✔️ Diminuição da progressão da incapacidade funcional
📎 Fonte:
Vaporized Cannabis for Neuropathic Pain in MS – Journal of Clinical Medicine
Além disso, os pacientes relataram melhora na qualidade de vida de forma geral.
Meta-análise sobre Nabiximols: revisão de 31 estudos
Outra pesquisa importante, publicada no Frontiers in Neurology, revisou 31 estudos clínicos sobre o uso de canabinoides na EM. O foco principal foi o nabiximols, um spray oral com THC e CBD.
De acordo com os autores:
✅ Houve redução significativa da espasticidade
✅ Os benefícios foram medidos por escalas clínicas validadas
✅ A tolerabilidade foi considerada boa na maior parte dos casos
📎 Fonte:
Nabiximols for MS-Related Spasticity – Frontiers in Neurology
Esses achados reforçam o potencial da Cannabis no tratamento da Esclerose Múltipla (EM), principalmente para sintomas como espasticidade e dor.
Por que a Cannabis pode ajudar?
A explicação está na atuação dos canabinoides sobre o sistema endocanabinoide. Esse sistema participa da regulação de:
✔️ Dor
✔️ Tônus muscular
✔️ Humor
✔️ Sono
✔️ Imunidade
Ao estimular esses receptores, os compostos da planta podem ajudar a reduzir sintomas que afetam o dia a dia de quem vive com Esclerose Múltipla (EM).
Além disso, o uso controlado e bem acompanhado por profissionais tende a reduzir os riscos de efeitos indesejados.
Limitações e cuidados
Apesar dos avanços, o uso de Cannabis na Esclerose Múltipla (EM) ainda não é considerado um tratamento de primeira linha. Ele funciona como uma terapia adjuvante, que pode ser indicada caso os tratamentos tradicionais não ofereçam o alívio esperado.
Também é importante lembrar que nem todos os pacientes respondem da mesma forma. Por isso, antes de iniciar o uso, é essencial buscar orientação médica.
A relação entre Cannabis e Esclerose Múltipla (EM) é um campo em expansão dentro da medicina. Embora a ciência ainda esteja construindo respostas mais definitivas, os estudos mais recentes apontam benefícios importantes no manejo de sintomas como espasticidade, dor e distúrbios do sono.
Se você convive com a EM ou é um profissional de saúde em busca de novas abordagens, manter-se informado sobre as evidências é o melhor caminho.
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Fontes científicas:
📖 Vaporized Cannabis for the Treatment of Neuropathic Pain in Patients with Multiple Sclerosis
Journal of Clinical Medicine, 2021
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34564572/
📖 Nabiximols for the Treatment of Spasticity in Multiple Sclerosis: A Systematic Review and Meta-Analysis
Frontiers in Neurology, 2023
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC10314475/